Quando se fala em mangas, a nossa cabeça remete logo para a cultura japonesa e para personagens singulares como Monkey D. Luffy (One Piece), Goku (Dragon Ball), Naruto Uzumaki (Naruto) ou Kenshin Himura (Rurouni Kenshin). Algumas das características que distinguem a banda desenhada japonesa são a publicação das suas obras a preto e branco e a forma como esta se lê – da direita para a esquerda.
As origens dos mangas
O termo manga é composto por dois kanji [caracteres japoneses]: o “man”, que significa “sem objetivo”, “entretenimento” e “exagero”. O kanji “ga” significa uma representação gráfica. Temos de recuar até ao século XII para encontrar as origens dos mangas.
Foi através de pergaminhos narrativos, os emakimono, que combinavam escrita e ilustrações, que a palavra adquiriu o seu significado. Os desenhos Choju-jinbutsu-giga (que significa “caricaturas de animais e humanos”), datados do século XII, do monge-artista Toba Sojo, também conhecido como Kakuyu, são considerados o mais velho trabalho de manga, com estes pergaminhos a encontrarem-se agora a cargo dos Museus Nacionais de Tóquio e Quioto.
Trabalhos desenvolvidos durante o período Edo ajudaram a desenvolver aquilo que mais tarde viria a ser conhecido como manga, com desenhos como o Toba Ehon e publicações como o livro de imagens Shiji no yukikai, em 1798. Foi este último livro que levou ao uso mais frequente da palavra manga para descrever estas publicações, a partir do final do século XVIII.
O maior crescimento da manga no Japão registou-se no período pós-Segunda Guerra Mundial, como surgimento de publicações como Astro Boy, de Osamu Tezuka, e Sazae-San, de Machiko Hasegawa. Entre os anos 50 e os anos 70, o número de leitores no país cresceu, com a solidificação dos géneros shonen manga, direcionado para os rapazes, e shojo manga para as raparigas.
Que tipos de mangas existem?
Existem cinco tipos de Manga que deves conhecer: shonen, seinen, shojo, josei e kodomomuke. Cada tipo de manga é dirigido a um público específico, podendo ser de qualquer género (ação, fantasia, romance).
Shonen
É dirigido a rapazes com menos de 15 anos. Estes são mangas focados em jovens heróis e focam-se em aventura, ação e luta. Neste género, histórias com protagonistas femininas e com maior aproximação à comédia começam a tornar-se comuns.
Seinen
Destina-se a adolescentes, normalmente entre os 15 e os 24 anos. Estas séries costumam ter um conteúdo mais violento e de uma natureza mais psicológicas, existindo também dentro deste tipo comédia.
Shojo
Tradicionalmente, existe um foco nas relações pessoais e românticas. Direcionado a jovens entre os 10 e os 18 anos, o shojo é o contrário do shonen na audiência a que se destina, mas também contém aventura e ação nas suas histórias.
Josei
Dirigem-se a audiências com idades entre os 18 e os 40 anos. Este tipo é conhecido por ser mais realista, especialmente no que toca a temas como o romance e a vida. As protagonistas destes mangas costumam ser mulheres adultas.
Kodomomuke
A tradução significa “destinado a crianças”. As histórias dos kodomomuke tendem a ser mais simples e imaginativas, tentando passar valores essenciais para os leitores mais jovens.
Os artistas por trás dos mangas
Responsáveis pela criação dos mangas temos os artistas que são conhecidos como mangakás, termo que serve tanto para quem escreve como quem desenha este género de obras. Em janeiro de 2013 existiam cerca de 4 mil destes profissionais a trabalhar full-time no Japão, com outros milhares de artistas a trabalhar em part-time ou de forma amadora.
A publicação Tokyo Weekender, em 2018, acompanhou o dia de uma mangaká e esta partilhou o seu percurso até chegar à publicação onde se encontrava na altura. De acordo com a artista Nao Yazawa, teve de submeter o seu trabalho em várias competições e visitar editoras para conseguir obter feedback quanto aos seus desenhos e publicar o seu trabalho.
Contudo é preciso saber-se que um mangaká nunca trabalha sozinho. Criar um manga é um esforço conjunto que precisa do envolvimento do editor, que supervisiona o trabalho do artista e a produção da série. Depois existem os assistentes, que ajudam o mangaká a completar o seu trabalho, de maneira a que este chegue às mãos dos leitores a tempo e horas. Os mangakás também podem escrever as suas próprias obras ou então trabalhar em conjunto com um guionista.